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domingo, 2 de setembro de 2012

Eu tenho um desgosto profundo...

O dia era 13 de Dezembro de 1981, altas horas da madrugada, um garoto cabeçudo é acordado pelo seu irmão mais velho eufórico, a contra gosto de sua mãe, ele só conseguia dizer: "Acorda rapaz, vem, ver o Mengão Campeão Mundial!". Acordei para ver mais uma vez um dos maiores times que já se viu jogar. Seus nomes estão imortalizados na história do clube. Era um espetáculo. Enchia os olhos de qualquer torcedor...Seus gols e passes eram lindos, sua garra era visível, seu amor à camisa era inquestionável.
Hoje, 02 de Setembro de 2012, acordei ao lado de minha filha e mais uma vez vi o Flamengo jogar. O Flamengo? Que Flamengo? Permanecer dormindo ao lado de minha pequena era muito mais negócio! É o terceiro jogo que assisto e ao final da partida me questiono se estes jogadores entendem que camisa estão vestindo...Não! Definitivamente eles não entendem o que o manto rubro negro significa. São tão incapazes, tão imprudentes, tão imaturos, tão...E o que é pior, não há sequer qualquer esboço de reação...Até quando  um time, uma torcida, um legado serão tão ultrajados com um futebol tão perna de pau e mesquinho?
Aquele time, o de 81, começava bom desde o gol, com Raul e sua imortal camisa amarela, hoje vejo o pobre Felipe, injustiçado e encurralado pela incompetência de marcação ou pela simples incapacidade de sair com a bola ou dominá-la, dos seus companheiros de clube.  O time esplêndido tinha excelentes zagueiros como Mozer e Marinho, o que vi hoje eu? Wellinton e Gonzalez, capazes de permitir que um  Forlan apagado há quatro jogos marcasse duas vezes numa única partida. No de 81, via laterais como Leandro e Júnior, hoje, um Leo Moura que antes eu elegia como um dos candidatos a reserva daquele time caso tivesse tido a honra de ter jogado naquela época, mas que hoje, mais parece candidato a fim de carreira. O outro um tal Ramon, que acha que um passe para um gol num clássico significa muito...O meio campo, esse é de longe, o mais vergonhoso! Imagine meu desgosto quando penso que vi Adílio, Andrade e o espetacular Zico jogar, daí me sento de frente para TV e vejo um time sem cérebro, com Ibson ou Bottinelli, que jogo após jogo erram dezenas de passes, alguns de poucos metros e que aborrece até o mais tranquilo e simpático torcedor...Tento ver alguma esperança mais adiante, no ataque, mas desisto. A simples sombra de Nunes, de "pontas de lança" como Tita e Lico leva ao limbo do esquecimento um esforçado, mas solitário Vágner Love e faz do doidinho Negueba uma piada.
Eu entendo, é uma dura e injusta comparação. Mas para quem ousa jogar no Flamengo, não há como comparar-se com pequenos, não há como "nivelar por baixo". O time que revelou nomes como Zico, Mozer, Lico e Marinho agora assiste a icógnitas como Adryan, Thomás, Mattheus, Muralha...
Vi hoje, como em outros jogos, lampejos de caras como Luís Antônio, um talentoso e esforçado goleiro Felipe, um Vagner Love solitário jogando como pivô de costas para o gol, um Cáceres que poderia render muito mais num time com um pouquinho mais de raça e vontade de vencer...
Que fazer diante disso? Uma sugestão: Dê-lhes a oportunidade de assombrar-se  com os jogos inesquecíveis do inquestionável elenco de 81, tranque-os durante horas numa sala, todos eles, e deixe-os por horas lá, vendo seus passes, dribles, jogadas, gols, comemoração sem dancinhas, deixe-os ver o gigante Mário Filho lotado tremer com a torcida, exponha-os à raça, humildade e talento daqueles que mais honraram o manto. Talvez surta efeito. Treinos parecem não servir. Talvez salve as "novas promessas", não há muito para se fazer com os velhos...Muitos deles não tem ligação alguma com o Flamengo a não ser um salário pago a um funcionário incompetente.
Fico imaginando um comentarista como o Júnior, único integrante daquele time capaz de ganhar tudo o que disputava presente no jogo de hoje e de alguns destes últimos jogos, quanta desonra e falta de respeito para com um jogador exemplar!

Lamento de um torcedor rubro negro diante do vexame da derrota sofrida de virada por quatro a um no Beira Rio.
Por Cristiano Oliveira.